segunda-feira, 6 de setembro de 2010

VINHOS DOCES NATURAIS - VERDADEIROS NECTARS A SEREM EXPLORADOS


Há controvérsias no que diz respeito ao verdadeiro sentido da expreção "Vin Doux Naturel" - ou simplesmente vinho doce natural. Mas no resumo da obra, podemos dizer que são aqueles vinhos onde a concentração de açúcar é tão grande, que as leveduras responsáveis pela fermentação morrem envenenadas pelo próprio álcool, bem antes de todo o açúcar ter sido convertido em álcool. Em algumas pesquisas que andei fazendo, não consideram o Vinho do Porto ou o Jerez por exemplo como Vin Doux Naturel, porque no seu processo há a adição da água ardente vínica. Em outras literaturas consideram estes estilos de vinhos como Vin Doux Naturel, mesmo com a adição de um segundo elemento, neste caso a água ardente vínica.

Mas controvérsias a parte, os vinhos doces naturais são verdadeiros nectars a serem explorados. São vinhos muito ricos de história e de uma riqueza na taça que só eles alcançam! Geralmente são produzidos com as uvas Moscadelle, Macabeo e Grenache e entre as várias regiões que produzem este estilo de vinho pelo mundo podemos destacar Priorato e Terra Alta na Espanha e Banyuls e Maury na França - provavelmente em Maury foi onde toda esta história começou, pois há relatos deste estilo de vinho desde o século XIII.

Recentemente tive a oportunidade de degustar um destes nectar; trata-se do Domaine Galvet - Thunevin Vin Doux Naturel 2004. Um A.O.C Maury com 16% de álcool que mesmo muito novo já está um encanto. Todas as pessoas que degustaram este nectar foram unânimes em citar sua doçura extremamente agradável e sua elegância - muito diferente dos vinhos de sobremesa que estavam acostumados. Seus aromas de amora em compota e ameixa super madura (comum de se encontrar no vinho do porto) era quebrado por aroma de bala de café muito agradável! Na boca estava um veludo, com o toque de amora e ameixa prevalendo bem uniforme com o açúcar residual. Evoluindo para um mentolado bem agradável. Creio que este vinho possa evoluir muito bem nos próximos 15 anos.

Para os amantes dos belos vinhos de plantão aí vai uma dica: vale muito a pena conhecer este fantástico mundo dos Vinhos Doces Naturais, e o Domaine Galvet - Thunevin é apenas um exemplo.

Você pode encontrar o Domaine Galvet Thunevin Vin Doux Naturel na Casa do Porto Vinhos Finos ((31)3286-7077).

sábado, 4 de setembro de 2010

VISITA DE EDOARDO MONTRESOR EM BELO HORIZONTE

Belo Horizonte recebeu na última semana, a célebre visita de Edoardo Montresor, responsável pela Cantine Giacomo Montresor Company, uma das vinícolas mais importantes localizadas na cidade de Verona na região do Vêneto.

Edoardo  faz parte da quarta geração da familha envolvida na produção de vinhos finos, que foi fundada na Itália na segunda metade do século XIX. Porém a familha já trabalhava com produção de vinhos desde o século XVI, mas ainda instalados na França, na região de Louir.

Na ocasião, a Fine Food distribuidora oficial dos vinhos Montresor no estado de Minas Gerais junto com a Importadora Cantu - responsável por trazer estas pedras preciosas para o Brasil, ofereceu um almoço para profissionais na Churrascaria Fogo de Chão, numa degustação pra lá de especial apresentada pelo próprio Edoardo.

Na ocasião foram apresentados os seguintes vinhos:
1. Vidussi Collio Pinot Grigio 2008 - ótima forma de começar uma refeição - um Welcome Drinck perfeito! Frescor exuberante, com aromas florais intenso (principalmente jasmim), evoluindo para um toque delicado de limão. O típico "vinho branco de piscina" - muito agradável para as tardes quentes do verão brasileiro!
2. Captel Della Crosara Valpolicella Ripasso D.O.C 2008 - pra mim a grande surpresa da tarde! Merece grande destaque no quesito preço-qualidade. Um misto de uvas frescas e uvas passificadas, que deixa no vinho um aroma marcante de ameicha desidratada com um toque terroso. Com um tempo na taça evolui muito bem para um mentolado passando por um caramelo até chegar numa madeira tostada bem agradável. Na boca, os taninos são marcantes  com uma leve glicose residual no seu final, que o torna muito interessante! Como disse o próprio Edoardo, um típico vinho do Vêneto - inconfudível!
3. Campo Madonna Del Veneto I.G.T 2007 - um interessante 100% Cabernet Sauvignon produzido no Vêneto. Trata-se de um vinho muito agradável e elegante, com aromas de frutas vermelhas em compota e um leve toque de canela e pimenta do reino. Na minha opnião um pouco atípico para o Vêneto, mas muito agradável!
4. Amarone Della Valpolicella Giacomo Montresor D.O.C 2006 - dispensa apresentações maiores! O próprio vinho se apresenta por si só, como o bom e velho Amarone deve ser! Se demostrou tímido e fechado no início, mas também. por ser de uma safra recente não poderia ser diferente. Mas dando o devido tempo na taça se mostra um vinho muito complexo e riquícimo em aromas, vai do abitual aroma de ameixa e uvas passas, evoluindo para um tabaco, pimenta, e um leve defumado. Não teria como fechar esta tarde tão agradável de melhor forma!

Vida longa ao Edoardo Montresor e toda familha Cantu e Fine Food, que nos proporcionou esta tarde tão agradável!

Mais informações sobre os vinhos e todo portifólio da Fine Food com a Ana Paula Diniz ((31)9907-4727 ou (31)8876-0694).

SEGUNDO PONTA DE ESTOQUE 2010 - CASA DO PORTO BELO HORIZONTE

Começou ontem (03 de setembro) o Segundo Ponta de Estoque da Casa do Porto - Belo Horizonte.
Oportunidade única para aqueles que curtem um bom vinho para comprá-los por preços bem mais acessíveis.

Desta vez, a turma da Casa do Porto caprichou nos vinhos da Ponta de Estoque - que não é nenhuma novidade! Entre toda lista me chamaram a atenção os seguintes vinhos: Quinta de Ramozeiros Reserva 2001 - Douro, Portugal (de R$160,00 por R$112,00); Valduero Reserva 1998 - Ribeira del Duero, Espanha (de R$214,20 por R$149,94) e o Pompeiano 2000 - Campania, Itália (de R$93,00 por R$65,10) - este último tive a oportunidade de degustar a uns três meses atrás e estava simplesmente soberbo. Bem característico dos vinhos do sul da Itália, mas com uma vantagem, os 10 anos de evolução deram uma "amançada" no vinho - tornando um vinho de personalidade forte (como geralmente são os vinhos desta região) e com muita elegância!

Para os apreciadores dos bons vinhos, que resolveram ficar pela capital mineira durante o feriadão, é uma oportunidade única de adiquirir belos vinhos por preços bem acessíveis! O Segundo Ponta de Estoque 2010 acontece nos dias 03, 04 e 06 de setembro.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

OS GRANDES VINHOS SE APRESENTAM QUANDO VOCÊ MENOS ESPERA...


Terça-feira, 31 de agosto de 2010, estava eu na labuta no restaurante O Dádiva. Início de semana que antecede feriadão (e isto é sinônimo de BH vazia), final de mês... todos os elementos conspiravam para uma noite sem muito trabalho, de casa vazia e sem nada para acrescentar para o nosso dia-a-dia...

Eis que surgem 4 senhores de terno e gravata, que pelo jeito havia acabado de chegar de viagem e se acomodam para jantar. E que jantar! Um jantar de 5 atos, que nem o sommelier mais otimista imaginaria se deparar numa noite tão pacata como esta!

Primeiro Ato: um deles pede a carta de vinhos e pergunta para os outros o que gostariam de beber, e foram unânimes em começar por uma champagne. A bola da vez foi a Ruinart Blanc de Blancs Brut. E a champagne se apresentou extremamente elegante, com a perlagem constante como deve ser e com belo frescor e ótima persistência. No início, aquele famoso aroma de fermento de pão tomava conta da taça, depois foi dando espaço para haromas florais e de frutas brancas maduras. Uma ótima forma de começar a noite com chave de ouro!

Segundo Ato: quando estavam na metade da garrafa de champagne um dos senhores pediu sua bolsa. E com a mesma facilidade que um mágico tira um coelho de dentro de uma cartola, ele saca de sua bolsa um simples e singelo La Grande Cave Corton Grand Cru Rognet 1992 e pede para que eu resfriasse o mesmo para fazer o serviço. E voilá... o vinho demostrava traços de evolução, mas muito saudável para idade. Já de cara demostrava aromas de framboesa fresca, açúcar mascavo, canela e um leve toque de pimenta branca, evoluindo para um leve mentolado e ervas em geral. Simplesmente fantástico! Na boca simplesmente um veludo, com um agradável retrogosto com notas defumadas e especiarias doces. O senhor que tirou o coelho da cartola, ou melhor, o vinho de dentro da bolsa, disse que tinha mais 5 dessas garrafas, mas a que ele havia degustado na França estava melhor (como já havia dito, não só o conteúdo da taça, mas tudo que está em sua volta, o universo ao seu redor conta muito para um vinho se tornar um Rex Vinorum). E olha que nesta altura do campeonato ainda estavam no couvert.

Terceiro Ato: pedem o cardápio e carta de vinhos novamente. Os pratos foram bem variados: de Bacalhau Confit à Tornedor ao molho de trufas com Risotto de 5 Cogumelos. Não havia como ter um vinho para harmonizar com toda esta variedade gastronômica. Entre uma sugestão e outra dadas por este que vos escreve, decidiram pelo tinto português da região do Douro Crooked Vines 2005. Trata-se de um Douro de pedigree. Rubi intenso, muito brilhante, sem nenhum indício de evolução. Os aromas passam de aceto balsâmico, frutas negras em compota, toque de especiarias doces, madeira tostada evoluindo para um tabaco e caixa de charuto. Na boca os taninos são firmes, porém em equilibrados com o retrogosto num misto de pimenta e canela. Muito diferente e muito envolvente. Ponto para quem optou pelo Tornedor Trufado!

Quarto e Quinto Ato: estes dois últimos atos se misturam , mas sem perder a importância de ambos: pediram uma meia garrafa do Sauternes Cuvée du Bontemps 1999 e uma meia garrafa do Vinho do Porto Portal Vintage 2003. O Sauternes estava um verdadeiro mel, extremamente agradável. Só a cor que mostra uma certa idade avançada, mas na taça estava perfeito. O Vintage se demostrou rebelde e ao mesmo tempo tímido, muito longe do seu ápice, mas já demostra ser um grande vinho.

É por uma destas que eu digo que os grandes vinhos se apresentam quando você menos espera!

Saúde!