quinta-feira, 10 de março de 2011

Chile - diario de bordo - parte 3


Vinhedos do Caliterra - no coração do Vale de Colchagua.

Pra onde foi todo aquele herbáceo "típico" do Carménère chileno que tanto era criticado? Acho que esta seria a melhor pergunta depois de um dia de degustação de grandes Carménères.
Eis que estamos no Vale de Cochagua, região que fica no centro-sul chileno, em torno de 200 Km da capital Santiago. Região extremamente encantadora, de clima muito quente, seco, muito apropriada para a produção de Carménère e Cabernet Sauvignon.
A visita foi à Vinicola Caliterra, uma das mais respeitadas da região, e com certeza com uma das paisagem mais impactantes. As boas vindas foram dadas pelo engenheiro agrônomo Marcelo, que além de ter nos guiado por vários vinhedos distintos da Caliterra dentro do mesmo vale, nos explicou com maestria a política da vinícola de elaborar "vinhos amigáveis", com uma agricultura de precisão, vinhedos sustentáveis, e alguns até com o certificado de vinhedos orgânicos. E de que forma este trabalho com vinhedos sustentáveis podem refletir não só no vinho como no dia a dia de toda a comunidade em torno do Vale de Colchagua.
Posteriormente, fizemos uma degustação completa da linha Caliterra dirigida pelo enólogo Gabriel Cancino. Foram 15 vinhos degustados, entre as linhas Reserva, Tributo, Bio Sur, Tributo Edición Limitada e Cenit (a grande estrela da companhia - que dispensa apresentações maiores). E como não poderia ser diferente, a bola da vez foram os vinhos tintos, em especial aqueles produzidos com a uva Carménère. E o que mais me chamou a atenção foi a ausência daquele toque herbáceo típico do Carménère chileno, que para muitos (inclusive pra mim) se tornavam cansativos na medida que ia consumindo o vinho. Acho que isto já é reflexo da tal "reinvenção do vinho chileno" que tanto ando escutando recentemente.
Dentre todos, sem considerar o Cenit 2006 e o Cenit 2007, pois estes dois estão alguns vários degraus acima do restante, o meu grande destaque fica para o Caliterra Bio Sur Carménère 2009 - vinho com uma riqueza aromática fantástica: pimenta branca, uma goiaba bem delicada, amora madura evoluindo para um defumado e um cacau muito bem integrado! Na boca os taninos estão vivos e bem domados, nada agressivos, acompanhado de uma acidez agradável - amoras maduras e um leve toque de defumado prevalece aqui. Um Carménère acima da média pelo preço que é praticado!
Visita perfeita, em uma paisagem deslumbrante e com um acompanhamento técnico fantástico. Dureza foram as três horas de viagem de volta para Santiago. Mas valeu e muito o sacrifício!

Vinhedos de Carménère - a grande estrela do Vale de Colchagua.

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