quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Um Bairrada com Apenas 42 Anos de Idade.

Sua cor acastanhada dá as boas vindas do que está por vir...

Recentemente fui agraciado por um colega de profissão com uma garrafa de vinho tinto português Bairrada Colheita 1970, que me deixou de queicho caído logo que vi a garrafa. Este colega se chama Fernando Serigad, português recém chegado no Brasil, que trouxe contigo uma garrafa deste vinho. Lembro muito bem de suas palavras: "trouxe este Bairrada 1970 comigo, mas acho que vai ser mais útil em suas mãos!". Desde já lhe agradeço Fernando, por ter me proporcionado este momento único.


Levei um tempo para tomar coragem para abrir esta garrafa, não é sempre que temos pela frente um vinho com 42 anos para degustar. Não sabia sequer a procedência da mesma, se foi bem armazenada ou não nestas últimas quatro décadas. Fiquei com um certo receio de abri-lo, com medo de já estar decrépto. E enquanto este dia não chegava fiz algumas pesquisas sobre a possível origem deste vinho, já que seu rótulo não traz quase nenhuma informação: a não ser que se trata de um Bairrada Tinto, colheita 1970, produzido pela Adega Cooperativa de Mogofores.
Com as minhas pesquisas cheguei a conclusão que poderia sim estar de frente com um vinho ainda saudável, já que a longevidade destes vinhos é considerável. Provavelmente produzido com algumas destas uvas portuguesas: Alfrocheiro Preto, Baga, Bastardo, Castelão, Jaen ou Touriga Nacional, já que são elas as principais estrelas da região de Baga.


Abri o vinho na última sexta-feira, 17 de fevereiro, meu último dia de salão do restaurante O Dádiva. Foi uma forma de dizer até logo para meus colegas do salão, já que não sou fã de despedidas. E não tinha como ter sido melhor:
Este Bairrada 1970 ainda estava bem vivo, tudo bem que já havia passado do seu auge, mas ainda está com vida. Sua cor acastanhada um pouco turva dava as boas vindas. Seus aromas inicialmente remetiam um pouco aos aromas de um Vinho do Porto, mas logo foi abrindo um caramelo, bala de café, ameixa preta em calda, avelã... enfim, seus aromas ainda estavam bem ricos! Pode-se dizer que a boca ficou desfavorecida depois desta riqueza aromática. Traços de caramelo, avelã e ameixa preta em calda são percebidos aqui também, mas de uma forma bem mais sutil, passa rápido, não deixa um retrogosto marcante.

Bastante resíduos no fundo da garrafa.

Momento único, muito difícil encontrar com este Bairrada novamente. Este é para ficar para história.
Sei que já disse isto, mas gostaria de deixar novamente os meus mais sinceros agradecimentos ao português Fernando Serigad, por ter me proporcionado este momento!

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